A Ditadura da Beleza: Liberte-se dos Padrões Impostos
A Ditadura da Perfeição
Vivemos uma era em que os padrões de beleza são constantemente redefinidos e apresentados como ideais inalcançáveis. A edição de fotografias, a utilização de filtros para esconder os sinais da idade, como as rugas e os cabelos grisalhos que começam a surgir com a passagem do tempo, criam, claramente, uma pressão sobre a sociedade, especialmente sobre as mulheres.
Mas afinal, o que é a beleza? E de que forma estes padrões impostos afetam a nossa autoestima e saúde mental?
Diariamente, somos bombardeados com imagens de corpos tonificados e esculturais, contribuindo para uma obsessão que muitas vezes leva a consequências adversas para a saúde física e mental, que conduzem a transtornos de ansiedade, compulsão alimentar, distúrbios de imagem corporal e até mesmo agravam preconceitos como a gordofobia.
As Consequências da Idealização da Beleza
A sociedade impõe, principalmente às mulheres, padrões de beleza inalcançáveis. Estas imposições irreais têm sérias consequências para a nossa saúde mental. A comparação constante, a busca pelo corpo igual ao de um qualquer modelo internacional, pode levar ao desenvolvimento de sérios problemas de saúde. A obsessão pela aparência física pode, inclusive, prejudicar as relações interpessoais e a vida profissional.
O Lucros associado à indústria da beleza
A indústria da beleza lucra com a insatisfação das pessoas com a sua aparência. As campanhas publicitárias exploram cada vez mais a insegurança, a ansiedade e as depressões dos mais vulneráveis ao promoverem o milagre da felicidade através da beleza. Esta indústria cria um tremendo ciclo vicioso, na medida em que gera ainda mais insatisfação, aumenta a necessidade de consumo por mais e novos produtos de cosmética e conduz a comportamentos repetitivos na realização de procedimentos estéticos, o que, por si só, pode ter consequências negativas para estas pessoas.
A Beleza é subjetiva
A beleza é subjetiva e varia de cultura para cultura, influenciada por fatores sociais e históricos. O que é considerado belo muda ao longo do tempo e entre diferentes grupos.
Um Novo Conceito de Beleza
É fundamental promover uma nova cultura de beleza e aceitação corporal, que valorize a beleza em todas as suas formas. As redes sociais, a mídia e a indústria da beleza têm um papel fundamental em todo este processo. Se começarem a apresentar imagens com corpos reais, imperfeitos e diversos, podem contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva e menos focada em padrões estéticos irreais.
A utilização de imagens femininas para vender produtos de beleza é cada vez mais comum. A associação da beleza a padrões irreais e inatingíveis é feroz. Todas estas imagens criam uma ligação entre o consumo e a promessa de alcançar aquilo a que muitas marcas se propõem: O corpo ideal! Estas campanhas são cada vez mais bem trabalhadas, pois influenciam os consumidores a acreditar que precisam de um determinado produto ou procedimento estético para serem considerados belos e perfeitos.
E o resultado? A percepção de beleza é distorcida, gerando inseguranças e alimentando a busca por uma perfeição superficial.
Dar os Primeiros Passos na Aceitação Corporal
Nem sempre é fácil desconstruir determinados padrões, principalmente junto das mulheres. Tendo em conta a minha experiência, decidi enumerar algumas dicas que, a meu ver, podem ajudar qualquer um de nós a aceitar o seu corpo como ele é:
Trabalhar a auto aceitação: Valorize a diversidade de corpos e cultive uma visão positiva de todos eles. Foque-se mais no seu bem-estar e afaste-se dos padrões estéticos impostos. Tenha mais autocompaixão e evite comparar-se aos outros.
Lembre-se da sua identidade: Cada um de nós tem características individuais, o que nos torna únicos. Ao sabermos identificá-los e respeitá-los faz com que a prática de amor-próprio e segurança "andem de mãos dadas".
Diversidade geográfica: Independentemente do seu país de origem é importante relembrar que cada um de nós possui diferentes origens. No meu caso, sou filha de pais angolanos mas o meu avô era português, nascido e crescido no norte de Portugal. A beleza está na diversidade.
O "belo" e "perfeito" não têm padrões: Sob a imposição do corpo perfeito, somos levados a acreditar que existe apenas um único tipo de beleza: o padrão. No entanto, isso está longe da realidade, pois cada pessoa possui características únicas, tornando a beleza uma expressão diversa e infinita.
A aculturação da sociedade
É importante que tenhamos consciência de que, ao longo da história, diferentes culturas e épocas definiram o conceito de beleza de forma diversa, um reflexo dos valores sociais, religiosos e económicos. Na Antiguidade, uma mulher com um corpo robusto simbolizava fertilidade e prosperidade. Na Idade Média a beleza estava associada à espiritualidade e ao recato. Durante o Renascimento, valorizava-se as formas naturais e voluptuosas, um contraste com a atual ênfase à magreza extrema promovida pelos padrões modernos.
As dinâmicas de poder moldam fortemente os padrões de beleza que privilegiam características associadas a grupos dominantes, reforçando o racismo, o classismo e a homofobia. Cada vez mais se nota uma exaltação de traços eurocêntricos, marginalizando a diversidade racial. Por outro lado, alguns padrões elitistas vinculam a beleza ao acesso a recursos e status social. Além disto, a heteronormatividade exclui expressões de beleza ligadas a identidades LGBTQIA+. Estes fatores interligados perpetuam desigualdades e limitam a aceitação da pluralidade estética.
A libertação dos padrões de beleza
Quebrar os padrões de beleza é um ato de libertação. Ao desafiarmos os ideais impostos pela sociedade, estamos a contribuir para um mundo mais justo e igualitário. A beleza é uma construção social e cabe a cada um de nós redefinir este conceito.
Celebremos a diversidade e a individualidade e construamos uma sociedade onde todos se sintam representados e valorizados!
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The Beauty Dictatorship: Breaking Free from Imposed Standards
The Beauty Dictatorship
We live in an era where beauty standards are constantly redefined and presented as unattainable ideals. Photo editing, filters to hide signs of aging like wrinkles and gray hair, create a clear pressure on society, especially women.
But what is beauty, really? And how do these imposed standards affect our self-esteem and mental health? Daily, we are bombarded with images of toned and sculpted bodies, contributing to an obsession that often leads to adverse consequences for physical and mental health, causing anxiety disorders, eating disorders, body image disturbances, and even exacerbating prejudices like fatphobia.
The Consequences of Idealizing Beauty
Society imposes unrealistic beauty standards, primarily on women. These unrealistic expectations have serious consequences for our mental health. Constant comparison, the pursuit of a body like that of an international model, can lead to the development of serious health problems. Obsession with physical appearance can even harm interpersonal relationships and professional life.
Profits Associated with the Beauty Industry
The beauty industry profits from people's dissatisfaction with their appearance. Advertising campaigns exploit the insecurity, anxiety, and depression of the most vulnerable by promoting the miracle of happiness through beauty. This industry creates a vicious cycle, as it generates even more dissatisfaction, increases the need to consume more and new cosmetic products, and leads to repetitive cosmetic procedures, which in itself can have negative consequences for these individuals.
Beauty is Subjective
Beauty is subjective and varies from culture to culture, influenced by social and historical factors. What is considered beautiful changes over time and between different groups.
A New Concept of Beauty
It is essential to promote a new culture of beauty and body acceptance that values beauty in all its forms. Social media, the media, and the beauty industry have a fundamental role in this process. If they start presenting images with real, imperfect, and diverse bodies, they can contribute to building a more inclusive society that is less focused on unrealistic beauty standards.
The use of female images to sell beauty products is increasingly common. The association of beauty with unrealistic and unattainable standards is fierce. All these images create a link between consumption and the promise of achieving what many brands propose: The ideal body! These campaigns are increasingly well-crafted, as they influence consumers to believe that they need a particular product or aesthetic procedure to be considered beautiful and perfect. And the result? The perception of beauty is distorted, generating insecurities and fueling the search for superficial perfection.
Taking the First Steps Towards Body Acceptance
It's not always easy to deconstruct certain patterns, especially for women. Considering my experience, I decided to list some tips that, in my opinion, can help any of us accept our bodies as they are:
Work on self-acceptance: Value the diversity of bodies and cultivate a positive view of them all. Focus more on your well-being and distance yourself from imposed beauty standards. Have more self-compassion and avoid comparing yourself to others.
Remember your identity: Each of us has individual characteristics that make us unique. Knowing how to identify and respect them makes the practice of self-love and security go hand in hand.
Geographical diversity: Regardless of your country of origin, it is important to remember that each of us has different origins. In my case, I am the daughter of Angolan parents, but my grandfather was Portuguese, born and raised in northern Portugal. Beauty lies in diversity.
"Beautiful" and "perfect" have no standards: Under the imposition of the perfect body, we are led to believe that there is only one type of beauty: the standard. However, this is far from reality, as each person has unique characteristics, making beauty a diverse and infinite expression.
The Acculturation of Society
It is important to be aware that throughout history, different cultures and eras have defined the concept of beauty in different ways, a reflection of social, religious, and economic values. In antiquity, a woman with a robust body symbolized fertility and prosperity. In the Middle Ages, beauty was associated with spirituality and modesty. During the Renaissance, natural and voluptuous forms were valued, a contrast to the current emphasis on extreme thinness promoted by modern standards.
Power dynamics strongly shape beauty standards that privilege characteristics associated with dominant groups, reinforcing racism, classism, and homophobia. There is an increasing exaltation of Eurocentric features, marginalizing racial diversity. On the other hand, some elitist standards link beauty to access to resources and social status. In addition, heteronormativity excludes expressions of beauty linked to LGBTQIA+ identities. These interconnected factors perpetuate inequalities and limit the acceptance of aesthetic plurality.
The Liberation from Beauty Standards
Breaking beauty standards is an act of liberation. By challenging the ideals imposed by society, we are contributing to a more just and equitable world. Beauty is a social construct and it is up to each of us to redefine this concept.
Let us celebrate diversity and individuality and build a society where everyone feels represented and valued!
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