Donald J Trump: O Regresso ao Poder que divide o mundo
Um Dia Marcado pelo Retrocesso
Hoje, 20 de janeiro de 2025, testemunhamos um momento que divide o mundo: a tomada de posse de Donald J. Trump como o 47º Presidente dos Estados Unidos da América. Para muitos, é um dia de celebração; para outros, como eu, representa um retrocesso devastador no progresso civilizacional.
Como filha de pais angolanos que emigraram para Portugal no final dos anos 60, à procura de um futuro melhor, sempre acreditei no poder das conquistas sociais. Contudo, considero que a eleição de Trump simboliza para mim um colossal retrocesso civilizacional, que ignora descaradamente as lutas de minorias como a minha.
Exemplo disso foi o discurso que sempre o caracterizou, agora mais acentuado e polarizado, marcado pelo ódio e intolerância, começou a provocar acalorados debates pelos quatro cantos do mundo, ainda mal tinha sido eleito Presidente dos EUA.
Kamala Harris: Uma Oportunidade Perdida
Penso que até hoje o mundo continua a refletir o que se perdeu com a derrota de Kamala Harris. Como mulher negra vejo nela uma representação poderosíssima das lutas e conquistas que tantas de nós desejamos. Harris simboliza o avanço em áreas cruciais como a igualdade racial, os direitos das mulheres e o combate às alterações climáticas. Se hoje Kamala tomasse posse, poderíamos ter um momento histórico de verdadeira inclusão e progresso.
Embora não seja especialista em política internacional, acompanho de perto os impactos das lideranças globais e reconheço que Harris não conseguiu ter o carisma necessário e a garra suficiente para cativar o eleitorado de Trump. Em tempos de polarização, figuras como Donald Trump destacam-se pelos seus discursos altamente inflamados, contrariamente a Kamala Harris que sempre pautou por uma abordagem mais racional e equilibrada ao longo de toda a sua curta campanha eleitoral. Infelizmente, reconheço que Harris não conseguiu transmitir a energia que muitos esperavam de um líder presidencial.
De qualquer modo, lamento profundamente que os Estados Unidos da América tenham rejeitado a oportunidade de apostar numa visão de futuro, mais inclusiva e progressiva. Harris é uma líder que alia inteligência e experiência, mas para ser eleita, talvez precisasse de encontrar formas ousadas de conquistar corações e mentes.
O Futuro com Trump: Esperança ou Retrocesso?
Indubitavelmente, a re-ascensão de Trump ao poder terá o seu impacto, não só à escala dos Estados Unidos, mas também para o resto do mundo. Por um lado, há quem acredite que a sua abordagem nacionalista, focada no fortalecimento económico e militar possa ser benéfica para alguns setores estratégicos, como é o caso da indústria e defesa norte-americana. A renegociação de acordos comerciais, por exemplo, pode ter alguma vantagem pontual para os Estados Unidos, embora frequentemente à custa da estabilidade de mercados globais e das relações com outros países.
Por outro lado, creio que os riscos são muitos e preocupantes. A incúria evidente sobre as alterações climáticas, evidenciada pelo seu histórico ao retirar os EUA do Acordo de Paris, é um duro e pesado golpe para os esforços globais de sustentabilidade. Além disso, o discurso de Trump, marcadamente pretensioso e sobranceiro, pode agravar ainda mais a polarização política interna e externa, e por conseguinte, criar um cenário de tensão contínua. Apreende-me fortemente o retrocesso em matérias de direitos humanos e igualdade, especialmente em relação às minorias, imigrantes e mulheres.
E a Luta Continua!
Hoje, assisto à tomada de posse de Donald J Trump, com uma mistura de sentimentos que tenho dificuldade em adjetivá-la. Expectativa? Insatisfação? Declínio democrático? Confesso que tenho alguma dificuldade em encontrar a palavra correta para caracterizar este momento e enquanto os seus apoiantes celebram um suposto "renascimento americano", muitos de nós, tal como eu, prevêem a repetição e a perpetuação de erros que poderiam ter sido evitados.
Como mulher negra afirmo com convicção: A tomada de posse de Trump pode representar um retrocesso, mas não é o fim da luta por um mundo mais inclusivo e igualitário. Continuaremos a resistir, a lutar e a exigir mudanças, porque o progresso nunca é linear, mas sempre possível.
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Donald J Trump: The Return to Power That Divides the World
A Day Marked by Regression
Today, January 20, 2025, we witness a moment that divides the world: the inauguration of Donald J. Trump as the 47th President of the United States of America. For many, it is a day of celebration; for others, like me, it represents a devastating step back in civilizational progress.
As the daughter of Angolan parents who emigrated to Portugal in the late 1960s in search of a better future, I have always believed in the power of social progress. However, I feel that Trump’s election symbolizes a colossal regression, blatantly disregarding the struggles of minorities like mine.
An example of this is the rhetoric that has always characterized him—now even more pronounced and polarized, marked by hatred and intolerance—which began sparking heated debates around the globe even before he officially assumed the presidency.
Kamala Harris: A Lost Opportunity
I believe that the world continues to reflect on what was lost with Kamala Harris’s defeat. As a Black woman, I see in her a powerful representation of the struggles and achievements so many of us aspire to. Harris symbolizes progress in crucial areas such as racial equality, women’s rights, and the fight against climate change. If Kamala were being inaugurated today, it could have been a historic moment of true inclusion and progress.
Although I am not an expert in international politics, I closely follow the impact of global leadership and recognize that Harris lacked the charisma and determination needed to captivate Trump’s electorate. In times of polarization, figures like Donald Trump stand out with their highly inflammatory rhetoric, while Kamala Harris maintained a more rational and balanced approach throughout her brief campaign. Unfortunately, I acknowledge that Harris was unable to convey the energy many expected from a presidential leader.
Nevertheless, I deeply regret that the United States of America rejected the opportunity to embrace a more inclusive and progressive vision for the future. Harris is a leader who combines intelligence and experience, but to be elected, she may need to find bold ways to win hearts and minds.
The Future with Trump: Hope or Regression?
Undoubtedly, Trump’s return to power will have an impact not only on the United States but also on the rest of the world. On the one hand, some believe that his nationalist approach, focused on strengthening the economy and military, may benefit certain strategic sectors, such as U.S. industry and defense. For example, renegotiating trade agreements may provide some advantages for the United States, although often at the expense of global market stability and relations with other countries.
On the other hand, I believe the risks are significant and concerning. Trump’s blatant disregard for climate change, evidenced by his withdrawal of the U.S. from the Paris Agreement during his previous term, deals a heavy blow to global sustainability efforts. Additionally, his rhetoric—markedly pretentious and condescending—could further exacerbate political polarization both domestically and internationally, creating an ongoing climate of tension. I am deeply concerned about regression in human rights and equality, particularly regarding minorities, immigrants, and women.
Final Considerations
Today, I watch Donald J. Trump’s inauguration with a mixture of feelings I find difficult to articulate. Anticipation? Dissatisfaction? Democratic decline? I admit I struggle to find the right word to describe this moment, and while his supporters celebrate a supposed "American revival," many of us foresee the repetition and perpetuation of mistakes that could have been avoided.
As a Black woman, I affirm with conviction: Trump’s inauguration may represent a step back, but it is not the end of the fight for a more inclusive and equal world. We will continue to resist, fight, and demand change, because progress is never linear, but always possible.
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